FUNÇÕES DA RAÇA
O Bretão é considerada uma raça com múltiplas funções, as principais citamos à seguir:
1. ATRELAGEM - Hoje é o termo mais utilizado quando falamos de cavalos de tração. Significado: Atrelar um veículo ou implemento a um animal, seja para esporte, lazer ou trabalho.
Atrelagem para o Lazer: é feita com diversos tipos de veículos, dentro ou fora da fazenda, em desfiles pelas cidades, para passeios agradáveis com a família e amigos. No Brasil a maior tradição são os desfiles de romarias pelas cidades, organizadas por comunidades de uma região e também os desfiles dos eventos eqüestres, onde participam várias raças.
Atrelagem Esportiva: é muito praticada na Europa e na América do Norte, já considerado esporte há mais de 40 anos, começou a ser praticada no Brasil em 2007, através da ABCCB, com as provas de Maneabilidade-cones, e foi reconhecida como esporte pela Confederação Brasileira de Hipismo no final de 2009, tendo hoje uma Associação ABRAT que a representa nas competições oficiais.
As competições oficiais internacionais são compostas das seguintes provas:
Adestramento: como na equitação clássica, é a prova feita em pista com as letras nas quatro laterais, onde são feitas figuras, e as passagens de passo para trote e galope. É avaliada também a apresentação do conjunto, tanto na parte técnica como na estética – arreios, veículo , animais, condutores e grooms.
Maneabilidade: Prova em pista de grama ou areia fina, em que é feito um circuito com cones delimitando as passagens e obstáculos (água, ponte de madeira, etc), podendo ser de regularidade (com velocidade estipulada) e/ou contra o tempo.
Maratona: Prova em campo aberto, de grande extensão de percurso, com velocidade estipulada, isto é, uma prova de regularidade. É a prova de resistência aonde se conduz ao trote e galope as atrelagens.
Tração: Provas de força, realizadas em pista de areia fina ou grama, onde se mede a força e a obediência do animal. Podem ser feitas com toras de madeira, ou com trenó carregado com pessoas ou com material pesado. É contra o tempo, mas existem várias penalidades durante a condução, que só pode ser feita com o comando da voz .
Existem também as provas de Tradição ou Elegância, que são baseados nos desfiles das realezas, onde tudo tem que estar impecável e de acordo com a tradição do país.
Todas as provas acima os condutores podem participar com 1 cavalo ou com parelhas de 2 e 4 cavalos, este último também chamado de Team.
Os veículos mais utilizados na atrelagem são: Charrete, Trole, Carruagem, Cabriolet, Carroça e Carroção, cada um com diversos modelos, de 2 e 4 rodas, de madeira ou de ferro, com rodas de madeira ou ferro , revestidas de borracha ou com pneus.
Cada veículo tem de ser adequado para cada prova, ou função a que se destina o cavalo.
Atrelagem para Trabalho: ainda é mantida nas regiões agrícolas e lugares que ainda é necessária presença da tração animal, e tem se mantido como tradição cultural, além de trazer economia na produção da fazenda ou nas propriedades com reflorestamento ou agricultura orgânica.
Os implementos para trabalho agrícola mais utilizados são: Carroções , Charrua (ou Trenó de madeira), Arados e Grades. Todos estes implementos a recomendação é de se usar a coalheira, para que a força seja equilibrada e o animal consiga deslocar melhor o implemento e a carga, sem machucar o animal.
Nos reflorestamentos e na Agricultura Orgânica o bretão ainda é utilizado na região do Paraná e Santa Catarina e algumas regiões do Sudeste do País.
O CAVALO BRETÃO apresenta as características para um cavalo ideal de Atrelagem, que são:
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Perímetro Toráxico maior, acima de 1,90m, sendo a média no bretão de 2,20m.
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Ossatura forte
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Garupa ampla e forte
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Boa saída de pescoço, bem implantado, e uma paleta mais oblíqua
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Dócil
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Paciente
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Corajoso
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Sociável com outros animais e principalmente com os humanos
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Tem fácil motivação, é sensível ao toque, e está sempre pronto para trabalhar
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Gosta de ser atrelado e trabalhar atrelado.
Em particular a raça Bretão, entre as raças de tração pesada, surpreende no quesito energia, que ele tem de sobra, e faz com que ande tranquilamente ao trote alongado e peça a todo instante rédea, dando prazer a quem conduz e é conduzido.
Sua capacidade máxima de tração é equivalente a 4 vezes seu peso, portanto um animal de 800 kg pode chegar a puxar 3.200 kg sozinho num veículo com rodas, e um implemento sem rodas, direto no chão, eles têm a capacidade de tracionar 2 vezes o seu peso, essa capacidade é diretamente relacionada ao treino do animal, condição física, alimentação e inclinação do terreno. A capacidade média para um trabalho diário seria de 50% destes valores.
2 - SELA - Apesar de não ter um peso ideal para ser um animal de sela ágil, ele tem constituições proporcionais para essa função, e acaba sendo, no caso dos puros, utilizado para desfiles, apresentações diferenciadas em shows, passeios curtos de lazer nas fazendas ou cidade, visto que são mais tranqüilos e o trote é alongado e confortável. Sua largura impede um melhor desenvolvimento do cavaleiro por longo tempo, e por isso os mestiços de bretão são mais adequados, pois têm a conformação boa do bretão e a outra raça vai dar a agilidade e diminuir a largura para melhor assento para o cavaleiro que quer um animal mais apto.
Temos representantes mestiços sendo utilizados no esporte do Volteio, na Equoterapia de adultos e no Pilates à cavalo, onde é exigido um animal que tenha um trote próprio ou um passo tranqüilo , andamento constante e seja dócil para aceitar em cima de seu dorso, lombo, garupa e pescoço, todos movimentos que os atletas ou os pacientes têm que desenvolver durante a evolução do exercício.
Doma
A idade ideal para doma é a partir dos 3 anos, quando o animal passa de potro para adulto, e quando seu corpo já está mais preparado para iniciar os treinamentos e esforços. A idade também reflete na aprendizagem, isto é, quando eles são jovens são brincalhões , se distraem mais fácil, etc.
Antes das etapas principais da doma para atrelagem ou sela, é recomendado o cabresteamento já ao pé da mãe , e serem escovados frequentemente, tirando as cócegas do corpo, manias, e se acostumando ao contato humano.
Normalmente levamos de 2 a 3 meses para domar um animal para atrelagem, sair na rua, dar voltas grandes, mas para ter um animal de total confiança, este período estende-se de 6 meses a 1 ano, o que vai depender da função a qual se destina. Por isso, como no hipismo clássico, os melhores animais para atrelagem são animais acima de 5 anos. Para sela também se leva uns 2 meses para domar e 6 meses para se ter mais confiança.
A característica principal do Bretão, a DOCILIDADE, faz com que ele assimile melhor os comandos, aprendendo mais rápido que um animal de sela mais enérgico, ou de sangue quente. Com isso, pode-se ter um animal de confiança em menos tempo. Esta mesma característica aliada a ser muito paciente, também faz com que: mesmo ao deixarmos um bretão muito tempo parado, sem trabalhar, quando pegá-lo para atrelar , ele sairá do mesmo jeito que há alguns dias ou semanas atrás, levando sempre em consideração que ele foi domado corretamente por um bom profissional.
3 - FORMADOR DE MESTIÇOS
Os cruzamentos entre garanhões da raça Bretão e éguas de outras raças conhecidas como de sela, mais leves, para formação de mestiços, têm dado resultados excelentes, dando produtos mais resistentes, mais fortes e mais bonitos, já na primeira geração, tanto para sela como para a tração leve.
Ao contrário do que muita gente imagina, não dá problema na cobrição e nem no parto quando é utilizado a monta natural ou inseminação artificial do garanhão puro, a única atenção que se deve ter é que a égua esteja saudável e com boas condições físicas tanto na hora da cobrição, como na hora do parto.
Os machos mestiços de Bretão têm utilidade na sela e na atrelagem, principalmente quando possuem no sangue raças nacionais e/ou raças de salto , e estes servem também na tração média a pesada, dependendo do grau de sangue.
As fêmeas mestiças , além das funções acima, também têm sido utilizadas como receptoras de embrião de outras raças e como matrizes para novos cruzamentos com garanhão puro bretão e aumentarem o grau de sangue, pois depois de 4 gerações poderão produzir produtos puros por cruza, e estes por sua vez após avaliação poderão produzir puros de origem.
Esses cruzamentos, e a utilização, cada vez maior, de fêmeas mestiças para receptoras e amas-de-leite, melhorou e valorizou o mercado de puros, pois os criadores mantiveram as fêmeas puras para serem cobertas com garanhões puros, e com isso tivemos um aumento no nascimento de animais puros , que dobrou em 10 anos, de 98 a 2008, e o início da utilização da técnica de Transferência de Embrião , que necessita de éguas puras ou acima de ¾ de sangue de bretão para serem receptoras, devido ao útero maior e a alta produção de leite.
Os mestiços também são registrados na ABCCB.
4 - ÉGUA AMA DE LEITE
As éguas puras Bretãs fornecem aos seus potros em média 25 litros de leite diários, enquanto as outras raças de sela fornecem em média 14 litros, por isso, as éguas bretãs que possuem também excelente habilidade materna, isto é , cuidam bem dos potros e são boas mães, podem ser utilizadas por criadores de outras raças, como exemplo tivemos criadores de PSI , BH, QM e raças de salto que utilizaram esta técnica para amamentarem os potros dessas raças. Neste caso os potros de mães que não são boas matrizes são encartados na égua bretã com algumas semanas de vida, e o potro da Bretã é desmamado e alimentado artificialmente. O objetivo destes criadores era de ter um melhor desenvolvimento no desmame destes produtos, cuja diferença é bem significante, e preservar a mãe verdadeira.
Atualmente as éguas mestiças são utilizadas para este fim,ainda em alguns criatórios, mas pela diminuição do plantel de PSI, que utilizava em larga escala esta técnica na década de 90, esta foi sendo abandonada, e para a raça Bretão foi bom, pois se preservou os potros puros novamente.
5 - ÉGUA PARA RECEPTORA EM TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES
Por terem melhor qualidade e quantidade de leite, e o útero maior, as éguas de tração e mestiças, geralmente acima de ½ ,3/4-7/8 de sangue bretão, estão sendo utilizadas pelas raças de sela, como por exemplo o Mangalarga, o Campolina, o Quarto de Milha, e o Brasileiro de Hipismo, para receberem embriões e criarem os futuros campeões destas raças. A diferença de crescimento dos potros é surpreendente, tanto ao nascer como ao desmame, chegando há diferenças entre 5 à 10cm de altura na cernelha, além de uma musculatura mais destacada e vitalidade maior do que se fosse criado pela mãe da mesma raça.
Para recepção de embrião de Bretão, ou de outras raças de tração pesada existentes no Brasil, a recomendação é ter mais que ¾ de sangue bretão, sendo o melhor mesmo utilizar éguas puras de nível genético inferior.